4 de mar. de 2016

A Garota Dinamarquesa (filme)






Eu tenho certa rejeição a biografias. Talvez seja porque o personagem principal sempre morre (é sério, nunca espere um final feliz. Veja "Marley e Eu", por exemplo. Marley era o centro da história. Marley morreu.), ou talvez seja porque meu coração ficcionalizado desde a infância não aceite com gosto a realidade.

Mas de uns tempos pra cá eu passei a apreciar biografias, vejam só. Começou com Moça com Brinco de Pérola, foi para Big Eyes e agora, entrando nessa onda de biografias de pintores, A Garota Dinamarquesa. Obra aclamada pela critica e indicada ao Oscar de melhor filme. Fez Alicia Vikander ganhar o Oscar de melhor atriz coadjuvante e Eddie Redmayne concorrer ao de melhor ator. Talvez tantas indicações tenham deixado o filme especial, não é mesmo?

Não, não é por isso. Veja bem, eu poderia dar n motivos para ter amado A Garota Dinamarquesa (começando pela minha adoração ao Eddie), mas dou dar apenas um, sendo esse o pior e o melhor motivo: é uma história real. E, como toda história real, é linda, é confusa, é dolorida e complexa. Porque a história real da tal garota não é o conto de uma menininha que morava na Dinamarca, passou por maus bocados e teve seu final feliz. É uma biografia, lembra? É a história de Einar Wegener. É a história de sua esposa, Gerda. E é a história de Lili. Lili Elbe, como o rio.

Lili, que nasceu de Einar e com Einar, dividindo um corpo. Não, não é caso de siameses ou esquizofrenia (embora os médicos tenham diagnosticado Einer com tal coisa), é um caso de como Einar se tornou Lili, como um homem se transformou em mulher, por assim dizer. Todo o processo, toda a transformação, a relação de Einar/Lili com Gerda e a forma como Einar se enxergava, enxergava Lili.... É de tamanha graça e delicadeza, por vezes brutal, não há como explicar. É aquela experiência de vida que toca e toca de um jeito único que não dá pra ser apagado ou esquecido.
Lili Elbe na vida real e interpretada pelo Eddie

E eu posso estar falando bobagens, eu devia estar criticando, ou pelo menos julgando e apontando pontos negativos, mas minha única reclamação é que não pude conhecer Lili Elbe melhor, eram apenas 107 minutos de filme.

Mas, bem, em um resumo técnico, é esplendoroso. A imagem, a riqueza de detalhes, os sentimentos. Alicia mereceu aquele Oscar, e o filme merecia os outros também. Uma vez eu li uma entrevista em que Eddie falava dos desafios de interpretar alguém tão profundo quanto Lili Elbe. Cara, eu não sei o que você fez pra superar esses desafios, mas conseguiu.

Se eu tivesse que dar uma nota pra esse filme, seria 11, porque a escala só vai até 10.



~Mel

Nenhum comentário:

Postar um comentário