11 de jan. de 2016

A Rainha Vermelha (livro)






O que me levou a ler esse livro com certeza foi a capa. Sim, eu sei, não julgue um livro pela capa... mas é que ela simplesmente chama muita atenção. Claro que antes de comprar eu procurei saber mais sobre a história, e eu logo me interessei, achando que o que eu encontraria seria algo parecido com Queen of the Tearling (que quem leu minha resenha desse livro sabe que eu amei muito). No entanto, apesar de eu realmente ter gostado da história e tals, o livro de Victoria Aveyard começou me decepcionando: ele é narrado em primeira pessoa do presente (uou! Grande decepção...), um tipo de narração que eu não gosto se não for bem trabalhada, porque fica muito estranha, dependendo do contexto, e não torna o texto fluido.

Indo para a história em si: ela é uma distopia juvenil que se passa em um futuro distante quando muitos países são divididos em duas "castas": os Vermelhos e os Prateados. Os Vermelhos são pessoas normais que trabalham duro, passam fome e vão para guerra às ordens dos Prateados, pessoas de sangue literalmente prateado que tem poderes especiais e usam disso como desculpa para serem superiores ao resto do povo e dominá-lo.

Tendo isso em mente, já é possível perceber que o livro obviamente vai se tratar de um personagem que é contra essa desigualdade entre os diferentes sangues e vai, de algum jeito, tentar mudar essa realidade. Esse personagem é a Mare Barrow, uma vermelha comum que rouba dos outros para ajudar a manter a familia.

No inicio, ela parece ser muito ordinária, mais uma menina desgraçada vivendo em Palafitas, uma pequena vila de Norta, e se preparando para o dia do recrutamento, quando irá para a guerra como todo jovem de 18 anos tem que ir. Mas a menina desgraçada e ordinária decide fugir do recrutamento junto com seu amigo, Kilorn, e, assim, ela conhece a líder da Guarda Escarlate, que a cobra uma alta quantia em troca de refúgio. Enquanto tentava conseguir (entenda-se roubar) o dinheiro necessário pra fugir, ela esbarra com Cal, um cara super gato e bondoso, obviamente rico e talvez nobre (e aparentemente com muita influência) que arranja um emprego pra ela - e com emprego ela não precisaria fugir, já que não se recruta pessoas que trabalham. Ela não tem como recusar, e é levada por soldados do rei até o castelo, onde trabalharia como criada.

Logo no primeiro dia de trabalho (o que eu achei coincidência demais) ela vai servir as diversas famílias de prateados que são da nobreza em uma espécie de competição entre várias garotas nobres, onde uma delas seria escolhida para se casar com o príncipe herdeiro, que a gente descobre ser o Cal (Não me diga! O cara gato, gente boa, rico, com grande influencia? Ele mesmo...). A partir daí comecei a achar que a história se pareceria com A Selecão (que eu pessoalmente não gostei muito) e quase desanimei. Mas o foco, em hipótese alguma, foi essa competição (que eu achei idiota), mas sim o que acontece durante ela e as consequências: Mare, depois de um acidente, solta raios de suas mãos na frente de toda nobreza prateada de Norta, algo que seria impossível para alguém de sangue vermelho.

Pronto. Passei da parte maçante e finalmente comecei a me interessar de verdade pela história. Principalmente depois que a rainha (uma mulher que eu acho especialmente venenosa e cruel) enfia Mare na vida de corte e inventa uma grande mentira para disfarçar o fato de uma vermelha ter poderes: ela vai se passar de prateada e vai se casar com o príncipe mais novo, Maven. Desse modo, Mare se torna também uma peça contra a Guarda Escarlate, que lutava pelo fim das desigualdades entre sangues, uma vez que ela era uma "prateada" criada por vermelhos destinada a ser princesa - o que iludiria o povo a achar que haveria alguma mudança.

Assim, a história vai rolando, e a leitura acaba sendo muito leve e rápida depois das partes mais chatas e depois de me acostumar melhor com a narração estranha. Mare acaba entrando pra Guarda Escarlate, junto com seu noivo Maven, que diz sonhar com um mundo mais igual (ppffft); Cal, o cara de quem ela realmente gostava, vai se provando ser meio que conservador e contra mudanças (isso é o que ela acha e o que a autora nos força a pensar a partir do que a Mare pensa, já que pra mim isso não ficou claro em momento algum e eu sempre achei ele gente boa desde o início); e tretas com a Guarda vão aparecendo, juntamente com mais informações sobre os poderes de Mare e outras pessoas como ela.

Evidentemente, a história parte para um rumo completamente diferente de A Seleção, e o foco fica muito maior na rebelião que começava a surgir (o que prefiro muuuuito mais). Mas eu achei as descrições e emoções da personagem muito 8 ou 80 - ou quase não tinham, ou eram exageradas demais, o que me impediu de realmente me envolver com a personagem e de realmente compreedê-la e apreciá-la como heroína. Aliás, me impediu de realmente criar alguma empatia ou alguma apreciação por qualquer personagem. Outra coisa que também me incomodou foi algumas previsibilidades ao longo da história ou algumas situações que achei forçadas.

Fora isso, eu achei tudo muito interessante. Ainda mais o final, que tem uma reviravolta surpreendente a qual eu realmente não esperava e que me deu uma visão completamente diferente da história. Inclusive, esses últimos acontecimentos (que me deixaram com uma mistura de sentimentos desde raiva até vergonha pela Mare) são, para mim, os únicos motivos pelos quais vale a pena ler a continuação. Sendo assim, não se engane, caro leitor que achou que o livro não vale a pena por que minha resenha não deu tanto valor assim pra ele (que vocativo grande...), o final é tão plot twist que faz todo o sofrimento que passei com algumas coisas valer a pena.

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