27 de abr. de 2016

Inquebrável (livro)

Eu disse que ia fazer essa resenha no post do Saldo da Bienal. Antes tarde do que nunca. (Na verdade fiz até mais cedo que esperado).


"Inquebrável" de Kami Garcia me chamou muita atenção pela capa. Eu olhei para aquele livro, o livro olhou para mim e eu pensei: é... paranormal... melhor passar longe. Mas minhas mãos obedeceram outro instinto, e logo estava lendo a contracapa, e logo o dinheiro já estava no caixa, e logo minha cabeça já estava na história.

Eu não sabia o que esperar da história. Eu nunca li nada sobre fantasmas e espíritos vingativos, porque eu sou sim muito medrosa para essas coisas, e devo admitir que esse livro me surpreendeu.

Ele é sobre uma garota, Kennedy, que logo no início do livro vai procurar seu gato que fugiu, e o encontra em um lugar nenhum pouco assombroso: o cemitério. Mas é claro que estava no meio da noite, e é claro que algo ia acontecer. No cemitério ela encontra uma estranha aparição, mas pensa que é só coisa da cabeça dela, e volta correndo para casa. Então o início da história vai rolando e em determinado momento - - a mãe dela morre. (isso não é um spoiler). E quando a mãe dela morre, o mundo dela vir ao avesso.

Todos atribuíram a morte da Mãe de Kennedy a causas naturais, mas Kennedy desconfiava que isso não era a verdade. Até que surge na vida dela os irmãos Lockhart, que salvam sua vida quando a casa dela fica possuída por um espírito maligno e que explicam para ela que o mundo corria grande perigo.

Nisso, ela descobre que existe a Legião da Pomba Negra, uma organização bem antiga responsável por caçar fantasmas e demônios, e os irmãos Lockhart fazem parte dessa Legião, assim como outros dois personagens e supostamente Kennedy (um mistério a ser descoberto no final do livro). Os cinco ficam responsáveis por salvar o mundo de um demônio super do mal que me deu muito medo.

O que me deixou mais intrigada na história, no entanto, foi o fato de Kennedy não saber quem é seu pai e não saber onde ele está. Ela menciona ele algumas vezes na história e isso já me fez pensar em diversas possibilidades. Quero muito entender todos esses segredos do pai dela e também da mãe, já que nenhum dos dois nunca contaram nada para ela sobre a existência de mortos no mundo dos vivos muito menos da Legião da Pomba Negra.

Não posso contar mais da história, se não perde a graça para vocês, mas outros aspectos do livro me chamaram atenção. A escrita é muito fluida e gostosa de ler, e expõe todos detalhes importantes na história, sem enrolar demais, mas também sem atropelar os acontecimentos. Os personagens também são bem originais. Cada um tem um talento diferente, seja na construção de armas, seja desenhando. No entanto, eu achei a construção deles meio fraca. Eu adorei todos, de verdade, mas Kennedy, por exemplo, é dramática e infantil demais as vezes, chega a ser exagerado em algumas horas, e para mim faltou explicações para esses dramas dela. Outro personagem que podia ter sido trabalhado melhor é um dos irmãos Lockhart (o que eu mais gosto, por sinal) que é um cara fechado, por que ele se culpa pela morte dos pais, mas eu achei meio nada a ver ele ter tanto rancor por algo que ele não tem nenhum pouco de culpa; não consegui entender e me empatizar com esse sentimento dele e também faltou mais explicações. Ainda bem que sempre tem o segundo livro para poder responder às nossas perguntas, então em momento algum esses detalhes que faltavam me impediu de gostar da história.

Espero terminar o segundo logo. Aviso que provavelmente não farei resenha dele, ou se eu fizer, vou juntar com essa resenha aqui. 

23 de abr. de 2016

Saldo da Bienal


Vou aproveitar minhas aquisições na Bienal do Livro de Minas para fazer um post de recomendação de livros. Observação importante: eu ainda não li os livros, então basicamente estou recomendando livros pra vocês que eu não tenho conhecimento suficiente da história para saber se realmente é bom ou não (mas eu espero que seja, né?).
Lá vai:

Maioria dos livros que comprei são de autores nacionais. "Mas a literatura nacional é tão podre, abstrata, século 19, linguagem complicada, difícil entender, ideias ruins, autores velhos, romance mimimi, clichê dos clichês". Nem vem com essa. 
Se você é um ser humano que pensa assim, por favor reveja seus conceitos. Brasileiro tem mania de desprezar o que é feito no Brasil só porque foi feito no Brasil, e isso não tem lógica nenhuma. Nós temos muitos, muitos, MUITOS autores top de linha, que escrevem livros MARAVILHOSOS com ideias super hiper mega originais que merecem ser lidos, mas que infelizmente são pouco conhecidos e difundidos justamente por causa dessa desvalorização que acontece. Claro, temos aqueles autores mais conhecidos, tipo Paula Pimenta, Bruna Vieira, Carolina Munhóz, Raphael Draccon, Carina Rissi, Paulo Coelho, Maurício de Souza, Chico Buarque, Jorge Amado, Machado de Assis (apelando para as histórias beeem mais velhas e clássicas aqui), José de Alencar, e não vou ficar citando todos. 
Sobre os primeiros autores citados, eles tem um público bem mais teen, algumas com foco no romance, outros com foco na fantasia, mas sendo sincera aqui, esses autores só estão no mercado pela fama, e pela quantidade que vendem, e não mais pela qualidade em si. Não digo que a história e a escrita deles sejam ruins, porque eu mesma já li muito Raphael Draccon e sei que ele tem ideias boas e escreve bem, apesar de eu ficar muito irritada as vezes com o jeito dele narrar (vide resenha de Cemitério de Dragões). E eu também nunca li nada da Paula Pimenta ou da Bruna Vieira para saber como é a escrita delas (nunca me interessei pelo tipo de romance que escrevem nem pela enredo dos seus livros). A questão é que eles não são o que tem de melhor na literatura brasileira. 
Que fique claro outra coisa: não estou afirmando que não gosto deles, nem da escrita deles, nem do livro deles, muito menos que eu sei o que é literatura brasileira boa (quem dera saber isso). Gosto é gosto, e para mim, tem muita coisa melhor por aí a ser descoberto.

Voltando para a Bienal - rsrsrs. Decidi comprar mais livros nacionais.

De baixo para cima da minha pilha:

Cisne é o primeiro livro de uma coleção da Eleonor Hertzog (uma mulher muito simpática, que autografou meu exemplar e me encheu de botons, mas há controversas... já percebi que nunca se sabe o que pode acontecer nesse livro). O livro é sobre uma guerra entre a Terra e Tarilian, um planeta que aparentemente foi descoberta por nós terráqueos em uma era de paz. Tem uma nave espacial que se chama, bem, Cisne. É uma nave bem cabulosa e até mesmo o formato dela foi pensado pela autora de maneira que ela seja mais aerodinâmica.  Já percebi que ela é detalhista...


NÃO PARE é da FML Pepper, que apesar de ter um nome em inglês, é brasileira. Eu a conhecí e ela é maravilhosa. Os livros dela já ganharam diversos prêmios e ela está viajando pelo Brasil para divulgar suas obras. Ela foi super fofa e animada, entusiasmada e eu fiquei com vontade de ser uma grande amiga dela (mas duvido que seja algo possível). Sobre o livro dela, é na linha de Divergente (fiquei receosa quando ela disse isso, porque quem já leu minha resenha de Divergente sabe a decepção que sofri com o andamento da história a partir do segundo livro), mas também de Jogos Vorazes (aí sim empolguei, porque eu AMO DE PAIXÃO JV... A.M.O). O livro dela é sobre uma menina que tem olhos diferentes, tentando ter uma vida normal, mas que muda toda hora de cidade por causa da mãe. No entanto, mortes misteriosas começam a acontecer com pessoas ao seu redor, e ela sempre sentia perda de memórias, cegueiras, etc. quando uma morte acontecia. Aí a história acontece e eu não sei o que é, então farei uma resenha dela depois (não espere que ela sairá tão cedo... a lista de livros está grande demais). Sei que o que me chamou mais atenção mesmo para o livro foi o que ela disse sobre o segundo, algo sobre a menina ir para o mundo dos mortos e algo bem reviravolta acontecer (estou apelando para minha memória aqui, viu, tenha consideração se eu não estiver certa).


Magia é o primeiro livro de uma trilogia, acho, da Jéssica Macedo. Autora super simpática também, e bem jovem. Me recomendaram o livro dela, por isso fui atrás dele. Também sobre uma menina com olhos diferentes (lilases) que é bruxa mas que quer viver uma vida normal. Achei bem legal o fato de  parecer que a autora vai conciliar fantasia com romance. Não sei exatamente o que esperar dessa história, mas acho que vou gostar!

Trono de Vidro - Rainha das Sombras de Sarah J. Maas. Espere. Um. Momento. Estou. Sem. Ar.... Esse. Livro! Eu não sei explicar. Sério. Não sei. Explicar. Já li o primeiro. Já li o segundo. Já li o terceiro. Já li o livro extra (Lâminas da Assassina). Já li até mesmo esse aí (só que em inglês hehehe). Li tem um bom tempo já, e estou esperando o quarto sair fisicamente para eu poder reler. Mas eu não tenho coragem de resenhar isso aí. É simplesmente irresenhável. Não sei explicar. Fico sem palavras toda vez que me perguntam desse livro. Sério. É um dos melhores que já li. E livros bons assim eu não tenho coragem de falar nada sobre ele, porque eu não sei nem como falar. A história é perfeita demais. A personagem principal (Celaena <3 - que também não é Celaena) é de uma profundidade, que eu não sei nem explicar. Tudo é muito bem ligado e construido, e não tenho coragem nem mesmo de procurar os defeitos. Não quero me decepcionar com essa coleção. Enrolei e enrolei e nem contei do que é sobre. Mas é que eu não consigo. Você vai ter que ler pra descobrir. Se eu falar, vai estragar a história. Mas simplificando pra você pelo menos ver se interessa: uma garota fodástica, treinada pra ser a maior assassina do mundo (desculpe-me assassinos e outros que seguem a mesma linha de profissão, mas ela realmente é a melhor *estala os dedos*) que esconde muito, muitos, muuuuuiiitooos segredos e cada coisa que você descobre sobre ela você fica sem ar (eu precisava fechar o livro e reler algumas partes várias vezes pra ficha cair). No primeiro livro ela vai enfrentar um bando de assassinos aí para ter o título de assassina do rei. Isso porque é o única jeito dela sair da prisão. Mas ela odeia o rei. E eu odeio o rei também. E todo mundo odeia aquela porcaria de rei que mexe com demônios (literalmente). Não sei dizer mais nada. SÓ LEIA LOGO!!!!


O Mistério da Mata Alpinéia é um livro do Ariálisson de Freitas, uma pessoa super gente boa que também autografou meu livro :) . Achei bem interessante o fato de ter folclore brasileiro na história (falando nisso, valorizem nosso folclore, sério, são poucos países que tem essas histórias maravilhosas para contar). É sobre um menino que não possui uma das pernas, e que não tem medo da Mata Alpinéia, uma mata que é bem assustadora. O menino ia começar as aulas, e ele estava com medo do que a galera ia achar dele, sem uma das pernas. O livro é bem pequeno, e o público dele é mais juvenil, mas acho que vou gostar.


Era uma Vez é o primeiro livro da autora Bibi Ribeiro, de 16 anos. Ela é uma fofa, e ainda não descobri se comprei o livro dela porque ela é uma fofa e iniciante ou porque eu me interessei. Talvez seja os dois, porque o livro dela é um dos primeiros romances do tipo que me chamaram atenção de verdade. É sobre princesas que estão perdidas por aí no mundo, distantes de seus contos de fadas porque cada uma está presa em um vício. Então uma menina Isabella, vira uma Procuradora de Princesas Perdidas (PPP para os íntimos - acabei de inventar), e junto com Lucas (já prevejo romance) vai tentar tirar essas princesas dos vícios modernos. Achei bem original a ideia e ao mesmo tempo é algo bem simples que chama atenção para várias questões sociais tipo dorgas, alcool, excesso de internet (acho que tenho um pouco desse último hehehe SOU UMA PRINCESA PERDIDA!!!).


Herança de Fogo da Thaís Lopes. não, pera... da THAÍS LOPES. Eu li o primeiro livro, do Ciclo (é uma coleção, trilogia, não sei exatamente) e eu achei super interessante, super original, super diferente e melhor que Draccon. Algumas partes achei que foram pouco detalhadas, ou então aconteceram rápidas demais, mas deixo isso pra resenha. O que importa aqui neste momento é o quanto estou empolgada para ler a continuação. Sim, eu ganhei autógrafo dela e sim, eu tenho contato dela e mando meus surtos literários para ela, e sim, ela tira print deles. O Ciclo envolve seres do Outro Mundo, basicamente bruxos, vampiros, fadas, etc. tentando derrotar o Inominável. E o super legal e original dessa história é que a personagem principal trabalha para a Morte (espero que isso não seja um spoiler). É muito louco as coisas que ela faz e descobre, e é muito louco o modo como ela manipula a chefe dela (alguém manipulando a morte, esse alguém tem que ser fodástico).

 
 Imaculada de Kami Garcia é outra continuação que estou louca pra ler. Como nós, desse blog, somos péssimas blogueiras, não fiz a resenha dele, e eu já li tem uns bons seis meses (ou mais?). Foi o primeiro livro paranormal que li. Tem espíritos vingativos, fantasmas, espíritos presos, demônios, etc. Eu não gosto de livros que envolvem fantasmas e coisas possuídas porque sou medrosa para esse tipo de coisa. Mas eu li o da Kami Garcia porque estava na sessão juvenil, e, com isso, é de se esperar que ela não vai matar do coração o leitor que já é mais crescidinho (vulgo eu). Foi errado pensar assim, porque quando eu lia esse livro a noite, eu ia dormir pensando que minhas coisas podiam estar possuídas, mas mesmo assim, não deixei de ler. Eu gostei muito mesmo da história. Bem original. Cinco adolescentes, descendentes de cinco pessoas aí que fazem parte de uma ordem aí que caça fantasmas, ficam encarregados de salvar o mundo de um demônio depois que os pais deles morrem misteriosamente. Acontece que só existem cinco caçadores de fantasmas no mundo, e cada um tem um talento, e é preciso ter os cinco para destruir o demônio. Então ninguém pode morrer, se não da bug e o demônio vai dominar o mundo (é assim que eu penso toda vez que um personagem está em risco... a autora não quer que o demônio domine o mundo, então ninguém vai morrer). É uma história que vale a pena ler, mesmo se você é medroso como eu. Temos que superar nossos medos, não é mesmo?! (OBS: não superei).

 
Pronto! Post ficou meio grande, mas acho que isso me deixa salva de fazer resenhas por alguns dias. Espero que gostem das indicações. Se não gostarem, espero que me indiquem outros (eu gosto de aumentar minha lista de leituras, sempre é bom ter mais livro que você consegue ler). Se tiverem sugestões de livros a serem resenhados, também podem fazer (só não prometo que vai sair, porque as coisas aqui estão enroladas). E é isso!

21 de abr. de 2016

Bienal do Livro de Minas



Hoje o post vai ser sobre um evento MUITO especial para quem ama livros: a Bienal do Livro de Minas Gerais!

Ela está acontecendo no Expominas e vai até domingo dia 24 de abril. Esse post será, então, para explicar um pouco sobre atrativos que encontramos no espaço e também falar sobre o que eu estou achando do evento.




Eu fui em três dias de evento até agora, mas devo comparecer nos próximos dias do feriado também, e preciso dizer que está SENSACIONAL! Até agora tivemos a participação de muitos autores brasileiros maravilhosos, como FML Pepper, Babi Souza, Mallerey Cálgara, Augusto Alvarenga, Bibi Ribeiro, Lavínia Rocha, Ana Faria, Rafaela S. Polanczyk, Thaís Lopes, Eleonor Hertzog, Marcos Mota, Ariálisson de Freitas, Michelle Passos, Michelle Mariani, Jéssica Macedo... até perco o fôlego de tantos nomes sensacionais que apareceram por lá! E ainda tem muitos mais participando, mas não consigo colocar de todos aqui...

Entre os estandes que podemos encontrar por lá, temos o da Leitura (que eu achei os livros de lá muito caros, por sinal), tem o da Leya (com direito a Trono de Ferro :o ), o da D`Plácido, o da Liga de Autores Mineiros (sim, um estande só com autores independentes mineiros <3 ), o da Ler Editorial, o da Autêntica, da Amazon (com foco nos ebooks), da Ciranda Cultural, da Editora Abril, da Editora Aleph (com livros legais de Star Wars), da Editora Novo Século, da Livraria São Marcos... e por aí vai!! São muitos estandes e não consigo colocar todos também. 
 
 


E somando a tudo isso, tem o mais legal, que é a programação. Em praticamente todos os estandes temos autores dando autógrafos a todo momento, e, claro, além de ser um bom momento para receber a assinatura de nossos ídolos, é um bom momento para trocar ideias e dizer para os nossos queridos escritores o quanto nós os amamos. Além disso, tem as palestras no espaço do Café Cultural, que abordam temas variados; as contações de história para as crianças; os sorteios que ocorrem durante o evento; os estandes que vendem coisas geek (babei numas camisas de Harry Potter e de Game of Thrones); o Trono de Ferro, para tirar umas fotos bem estilosas; e comidas muito gostosas (tem churros, pipoca, tenda de biscoitos, tenda de doces, food-truck, lanchonete, etc.).

Concluindo: a Bienal está imperdível. Eu já comprei oito livros, já ganhei autógrafos, já tirei fotos com vários autores, já tirei foto com o pessoal que foi de cosplay, já sentei no trono, já comi churros (muito bom - e caro - por sinal), já comprei biscoitos gostosos. E ainda assim quero MAIS!!!

1 de abr. de 2016

O Menino e o Mundo (filme)


O Menino e o Mundo, de Alê Abreu ("Garoto Cósmico"), é uma animação brasileira que surpreende pela simplicidade. Feita de forma quase artesanal, com técnicas diversas como a colagem e a pintura com giz de cera, a produção já ganhou mais de 42 prêmios internacionais e chama atenção na aparência daquele mundo extremamente colorido e, à primeira vista, inocente. Porém, não se pode deixar enganar, pois o filme está longe de ser voltado somente para o público infantil.
Com raríssimos diálogos (os poucos que existem são impossíveis de serem compreendidos) e uma trilha sonora admirável, O Menino e o Mundo é a história de um garoto que, desesperado, deixa para trás a simplicidade e a paz de seu lar no interior para procurar o pai, que partiu em busca de trabalho na cidade grande. Através do mundo visto pelos olhos da criança, é possível notar a alegria presente no cenário rural da casa do menino, evidente nas cores e na melodia singela. É possível ver também a brutalidade que há no meio urbano, explicitado pelos tons escuros e pela cacofonia.
A trilha sonora é igualmente singular. Há momentos que são capazes de arrancar arrepios com apenas 5 notas musicais saídas de uma flauta doce. As letras são impossíveis de entender, assim como os diálogos, mas isso não é um problema. Tanto a música como o visual foram feitos para serem degustados e sentidos, o significado da mensagem deve se formar a partir do entendimento individual do espectador para que assim a história possa tocar no mais íntimo das crianças e dos adultos.
Talvez mais nos adultos que nas crianças, no entanto. A crítica do filme só se torna clara caso o espectador tenha algum entendimento prévio do mundo e uma capacidade de interpretação mais desenvolvida. Por meio de metáforas poderosas, O Menino e o Mundo claramente critica o capitalismo e a degradação do meio ambiente, causando uma reflexão profunda... para os que compreendem. Por isso, o filme, apesar da inocência aparente, está longe de ser puramente infantil.
Alguns inclusive consideraram a mensagem clichê. Afinal, quantas vezes no cotidiano pode ela ser vista? Porém, o diferencial do filme é a maneira como é contada, como, mesmo com todo aquele clima aparentemente voltado para crianças, ainda é capaz de chocar jovens e adultos. 
O Menino e o Mundo sem dúvida é uma das melhores animações brasileiras já produzidas. Abreu conseguiu com perfeição, através do desafio de produzir um filme com baixa verba, puramente sensitivo e sem roteiro, transmitir tudo o que queria e ainda tocar na criança ainda presente nos espectadores mais velhos. Em resumo, conseguiu realizar um milagre, um feito que deve ser visto e revisto por pessoas de todas as faixas etárias.